segunda-feira, 20 de outubro de 2008

[ Por que o jovem não gosta de ler? ] Imprimir e-mail

Por William Roberto Cereja*

O Brasil é um país que, além de ler pouco, lê mal. É o que mostram os resultados de diferentes instrumentos de avaliação, tanto estrangeiros quanto nacionais. Em 2000, por exemplo, o Brasil participou pela primeira vez do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que reuniu estudantes (todos entre 15 e 16 anos) de 32 países. Nossos jovens obtiveram o último lugar. Mais da metade deles ficou entre os níveis 1 e 2 de leitura (num total de 5 níveis), isto é, mal conseguia reconhecer a idéia principal de um texto, extrair informações que podiam ser inferidas, estabelecer relações entre um texto e outro, ler gráficos, diagramas, etc.

Nos programas nacionais de avaliação escolar, os resultados não são diferentes. Tanto o Enem quanto o Saeb, em relatórios de 2004, apontam que 42% dos alunos da 3ª série do ensino médio estão nos estágios "muito crítico" e "crítico" de desenvolvimento de habilidades e competências em Língua Portuguesa, com dificuldades principalmente em leitura e interpretação de textos. Do total de alunos avaliados, apenas 5% dos alunos alcançam o nível considerado adequado de leitura, que consiste em, por exemplo, entre outras operações, ser capaz de num texto estabelecer relações de causa e conseqüência, identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados, efeitos de sentido decorrentes do uso de uma palavra, de uma expressão ou da pontuação.

Diante desse quadro, cabe perguntar: quais as causas dessa situação?O jovem brasileiro não gosta de ler?Que fatores socioculturais e escolares têm responsabilidade sobre esses resultados? E mais: o que pode ser feito a curto prazo para mudar esse quadro?

Não é absolutamente verdade que as crianças e adolescentes não gostem de ler. A onda esotérica provocada pelos livros de Paulo Coelho que seduziu os jovens a partir do final da década de 1980 e a atual mania Harry Potter são a prova disso. Evidentemente, não há uma causa simples que explique o problema nem uma solução mágica que o resolva. Diferentes aspectos estão relacionados com esses resultados, como o hábito e a valorização da leitura em casa, o papel da televisão e da Internet na vida contemporânea, o preço do livro, a formação dos professores e sua concepção de leitura, as práticas de ensino de leitura, a qualidade das obras selecionadas pela escola, o tipo de ensino que se faz da literatura no ensino médio, as listas de obras literárias indicadas pelos exames vestibulares, etc.

Para ler mais, clique aqui.

(*) William Roberto Cereja é professor graduado em Português e Lingüística e licenciado em Português pela Universidade de São Paulo. Mestre em Teoria Literária pela Universidade de São Paulo. Doutor em Lingüística Aplicada e Análise do Discurso na PUC-SP e professor da rede particular de ensino em São Paulo, capital. É autor da coleção Português: Linguagens (Editora Atual).

Obs: Eu tive a honra de fazer o projeto gráfico das capas, uma bela coleção para o ensino médio! Aqui estão os layouts, os livros estão sendo impressos.

2 comentários:

Petê Rissatti disse...

Cada vez que recebo uma informação dessas fico realmente com medo do futuro e com vontade de fazer algo pelo presente. Qual será o caminho?

krika disse...

O caminho seria realmente comungar as sugestões do professor Cereja.
Faço um trabalho de formiguinha com meus alunos,aqui no interior de MG. Busco exatamente as leituras de interesse dos meus alunos que são pré adolescentes.
O Projeto "Estímulo À Leitura" pretende resgatar o gosto pela leitura..pelo menso estou lutando...
Como faço para enviar um meail para o prof.Cereja?? Me ajudem..
Prof.Maria Cristina