segunda-feira, 26 de janeiro de 2009



[
Recordações do balacobaco 3 ]

Conversa de mãe e filha

— Manhê, eu vou me casar.
— Ãh… Que foi? Agora não, Anabela… Não tá vendo que eu tô no telefone?
— Por favor, por favoooooor, me faz um lindo vestido de noiva, urgente?!
— Pois é, Carol. A Tati disse que comprava e no final mudou de idéia. Foi tudo culpa da…
— Mãe, presta atenção! O noivo já foi escolhido e a mãe dele já tá fazendo a roupa. Com gravata e tudo!
— Só um minuto, Carol. Vestido de… Casar?! Que é isso menina, você só têm dez anos! Alô, Carol?
— Me ouve, mãe! Os meus amigos também já foram convidados! E todos já confirmaram a presença.
— Carol, tenho que desligar. Você está louca, Anabela? Vou já telefonar para o teu pai.
— Boa! Diz pra ele que depois vai ter a maior festança. Ele precisa providenciar pipoca, bolo de aipim, pé-de-moleque, canjica, curau, milho na brasa, guaraná, quentão e, se puder, churrasco no espeto e cuscuz. E diz pra ele não esquecer: quero fogueira e muito rojão pra soltar na hora do “sim, eu aceito”. Mãe? Mãe… Manhêêê!!! Caiu pra trás… Mããããããe?!

Vinte minutos depois.

— Acorda, mãe… Desculpa, eu me enganei, a escola vai providenciar os comes e bebes. O papai não vai ter que pagar nada, mãe, acoooooorda… Ô vida! Que noiva sofre eu já sabia. Mas até noiva de quadrilha?!

[ Esse nosso miniconto saiu na Folhinha de S. Paulo no dia 21 de maio de 2005 ]

2 comentários:

Petê Rissatti disse...

Que delícia de conto! A pureza da criança a olhos vistos, muito gostoso de ler.

Beijos e abraços,

Petê

Laura Fuentes disse...

Texto bom de ler, com humor apoiado na ingenuidade infantil.